sexta-feira, 14 de junho de 2013

Junho de 2013 - VIRGINIA WOOLF

Postagem em construção
 


 

A distância é grande, mas não impede compartilhar leituras.

Bem-vinda, amiga!  


Parabéns pelos 4 anos e meio de leituras!

Felicidades por tantos años de lecturas! 
Orlando

 
Trechos e frases:

“Uma coisa é o verde na natureza; outra coisa, na literatura. Entre a natureza e as letras parece haver uma natural antipatia; basta junta-las para que se estraçalhem. O tom de verde que agora Orlando agora via estragou-lhe a rima, quebrou-lhe o metro. Além disso, a natureza tem suas manhas. Basta olhar pela janela as abelhas entre as flores, um cão que boceja, o sol que se põe, basta pensar “quantos pores-de-sol verei ainda”, etc., etc. (o pensamento é demasiadamente conhecido para que valha a pena escrever mais), e deixa-se cair a pena, toma-se uma capa e sai-se do quarto, a largos passos, e tropeça-se numa arcada pintada. Porque Orlando era um pouco desajeitado.”



“Una cosa es el verde en la naturaleza y otra en la literatura. La naturaleza y las letras parecen tenerse una natural antipatía; basta juntarlas para que se hagan pedazos. El matiz de verde que ahora veía Orlando estropeó su rima y rompió su metro. Además la naturaleza tiene sus mañas. Basta mirar por la ventana abejas entre flores, un perro que bosteza, el sol que declina, basta pensar ¨cuántos soles veré declinar”, etc., etc. (el pensamiento es harto conocido para que valga la pena escribirlo), y uno suelta la pluma, toma la capa, sale fuera de la pieza, y se agarra el pie en un arcón pintado. Porque Orlando era un poco torpe.” 



"Procurava responder a esses argumentos com o método habitual, embora oblíquo, de considerar a vida dos ciganos rude e bárbara; e assim, em pouco tempo, muita animadversão crescera entre eles. Na verdade, essas diferenças de pontos de vista bastam para causar derramamento de sangue e revolução. Por menos tem havido cidades saqueadas e um milhão de mártires tem preferido deixar-se supliciar a ceder uma polegada a respeito de qualquer dos pontos aqui debatidos. Nenhuma paixão é mais forte, no peito humano, que o desejo de impor aos demais a própria crença. Nada também corta tão pela raiz nossa felicidade e nos encoleriza tanto como sabermos que outros menosprezam o que exaltamos."


“Trató de contrarrestar esos argumentos con el método habitual aunque oblicuo de imputar a la vida de los gitanos rudeza y barbarie; y así en muy poco tiempo hubo mala sangre y hostilidad. Lo cierto es que esas diferencias de opinión suelen engendrar sangrientas revoluciones. Por menos han entrado a saco en ciudades, y un millón de mártires han preferido morir en el tormento a ceder una pulgada de su parecer. No hay en el tumultuoso pecho del hombre, una pasión más fuerte que la de imponer su creencia a los otros. Nada puede secar la raíz de su dicha y llenarla de ira como saber que otro desprecia lo que el venera.”


“Por ignorantes e pobres que sejamos comparadas com o outro sexo”, pensava, prosseguindo um raciocínio que deixara inacabado dias atrás, “armados como estão, dos pés à cabeça, privando-nos até do conhecimento do alfabeto” e por estas palavras iniciais, devia ter acontecido, de noite, alguma coisa que a inclinava para o sexo feminino, pois falava mais como uma mulher do que como um homem, e, além disso, com certa satisfação), “ainda assim caem dos mastros.”


“Por pobres e ignorantes que seamos comparadas con el otro sexo”, pensó, continuando la oración que dejó inconclusa días pasados, “armados de pies a cabezas como están, en tanto que a nosotras nos prohíben hasta el conocimiento del alfabeto” (y estas palabras iniciales demuestran que algo había ocurrido en la noche que la inclinaba al sexo femenino, pues hablaba ahora más como una mujer que como un hombre, y no sin cierta satisfacción), “sin embargo se caen del palo mayor.”


“Somos, portanto, forçados a concluir que a sociedade é uma dessas misturas como as que as hábeis donas-de-casa servem quentes, pelo Natal e cujo sabor depende da adequada mescla e cada um e agitação de uma dúzia de ingredientes diferentes. Provando-se cada um, separado, acha-se insípido. Provando-se Lorde O., Lorde A., Lorde C., ou Mr. M separadamente, cada um deles não é nada. Sacudindo-se, porém, todos juntos, produzir-se-á uma combinação do mais embriagador paladar e do mais atraente aroma. Mas essa embriaguez, essa atração escapam completamente à nossa análise. Por isso, a sociedade é, ao mesmo tempo, todo e nada. A sociedade é a mais poderosa mistura do mundo, e a sociedade não existe. Com tais monstros, só os poetas e novelistas podem lidar; com esse tudo-nada recheiam suas obras, dando-lhes volume considerável; e por isso lhes entregamos com a maior boa vontade possível.”


"Arribamos así a la conclusión de que la sociedad es uno de esos ponches que las expertas amas de casa sirven hirviendo en Navidad, y cuyo sabor depende de la adecuada mezcla y agitación de una docena de ingredientes. Pruebe uno solo y resulta insípido. Pruebe a Lord A., a Lord O., Lord C., o Mr. M., y separadamente son nulos. Agítelos a un tiempo y producirán el sabor más embriagador, la más seductora de las esencias. Pero esa seducción, esa embriaguez, eluden nuestro análisis. En el mismo instante, la sociedad es todo y es nada. La sociedad es la mixtura más potente del mundo y la sociedad no existe. Con tales monstruos solo los novelistas y los poetas pueden lidiar, con tales todos-nadas rellenas desaforadamente sus obras; a ellos pues, se los entregamos con la mejor voluntad del mundo."



“Em suma, havia entre eles a mais verdadeira simpatia que pode haver entre um cão e sua dona, embora não se possa negar que a mudez dos animais é um grande impedimento para os requintes da sua comunicação. Eles abanam a cauda, inclinam a parte dianteira do corpo e elevam a traseira, rodam, pulam, arranham, gemem, latem, babam, possuem toda sorte de cerimônias e artifícios, mas tudo é inútil, desde que não podem falar. Esse era o seu problema com o grande mundo de Arlington House, pensava ela, pousando o podengo delicadamente no chão. Eles também abanavam a cauda, rodavam, pulavam, arranhavam e babavam, porém falar não podiam. “Todos esses meses em que tenho frequentado a sociedade”, disse Orlando, atirando uma das meias pelo quarto, “não ouvi senão o que Pippin poderia ter dito: ‘Estou com frio. Sou feliz. Tenho fome. Apanhei um rato. Enterrei um osso. Dê-me um beijo no focinho’”. E isso não bastava.”



“En una palabra, había entre los dos la simpatía más sincera que puede haber entre un perro y su ama, pero es indiscutible que la mudez de las bestias es un estorbo para los refinamientos del diálogo. Mueven la cola; inclinan la parte delantera del cuerpo y elevan la trasera; ruedan, brincan, ladran, gimen, babean, inventan toda clase de ceremonias y de artificios, pero todo es inútil, porque lo que es hablar, no pueden. Acostando el perro en el suelo, Orlando meditó que ese era precisamente el defecto del gran mundo en Arlington House. Ellos también mueven la cola, saludan, ruedan babean y rascan, pero lo que es hablar no pueden. `Todos esos meses que he andado en sociedad, dijo Orlando,  tirando una media por el suelo, `no he escuchado una sola cosa que Pippin no hubiera podido decir. Tengo frío. Tengo hambre. Me siento feliz. He cazado una laucha. He enterrado un hueso. Dame un beso en el hocico. Y eso no bastaba.”


“Nesta casa, eles se consideram felizes; naquela, talentosos; numa terceira, profundos. É tudo uma ilusão (o que não é nenhum mal, pois as ilusões são as mais necessárias e valiosas de todas as coisas, e quem pode criar uma está entre os maiores benfeitores do mundo), mas, como é notório que as ilusões se despedaçam em contacto com a realidade, nenhuma real felicidade, nenhum real engenho, nenhuma real profundeza são tolerados onde a ilusão prevalece.”


“En tal casa se creen felices; en tal otra ingeniosos; en una tercera profundos. Todo es una ilusión (lo cual no significa un reproche, porque las ilusiones son lo más necesario y lo más precioso que hay en el mundo, y quien puede crear una sola es un máximo bienhechor), pero como es sabido que las ilusiones se hacen pedazos en cuanto las toca la realidad, la verdadera dicha, el verdadero ingenio, la verdadera profundidad no se toleran donde la ilusión prevalece.”

“Um gentil cavalheiro como aquele, diziam, não necessitava de livros. Que deixasse os livros, diziam, para os paralíticos e moribundos. Mas o pior ainda estava para chegar. Porque a doença de ler, uma vez tomando conta do organismo, enfraquece-o a ponto de torna-lo fácil pressa desse outro flagelo que habita no tinteiro e supura na pena. O desgraçado dedica-se a escrever. E se isto já é um mal bem grande para um pobre homem que só tem de seu uma mesa e um banco, debaixo de uma goteira –pois a final de contas não tem muito a perder-, a condição de um ricaço que possui casas e gado, criadas, mulas e lençaria, e ainda por cima escreve livros, é extremadamente penosa. Fica alheio ao sabor de tudo isso: é torturado por ferros em brasa, e devorado por vermes. Daria o último centavo (tal a malignidade do germe) para escrever um pequeno livro e tornar-se famoso, mais nem o ouro todo do Peru pode pagar o tesouro de uma frase bem torneada. De modo que adoece e, consumido, faz voar os miolos, vira a cara para a parede. Não importa a atitude em que o encontrem. Passou pelas portas da morte e conheceu as chamas do inferno.”



“Un apuesto hombre como él, decían, no necesitaba libros. Que dejara los libros, decían, a los tullidos y a los moribundos. Pero algo peor venía. Pues una vez que el alma de leer se apodera del organismo, lo debilita y lo convierte en una fácil presa de ese otro azote que hace su habitación en el tintero y que supura en la pluma. El miserable se dedica a escribir. Y si eso ya es bastante malo en un pobre, sin otra propiedad que una silla y una mesa debajo de una gotera -pues al fin de cuentas no tiene mucho que perder-, el trance de un hombre rico, que tiene casas y ganado, doncellas, burros y ropa blanca, y sin embargo escribe libros, es penoso en extremo. Se le escapa el sabor de todo; lo torturan lo hierros candentes: lo roen los gusanos. Daría el último centavo (¡tan virulento es ese mal!) por escribir un solo librito y hacerse célebre, pero todo el oro del Perú no puede comprarle el tesoro de una frase bien hecha. Se enferma, cae en una consunción, se vuela los sesos, vuelve su cara a la pared. No importa en qué actitud lo encuentran. Ha atravesado las puertas de la Muerte y conocido las llamas del Infierno.”


“Pois se é temerário entrar desarmado no antro do leão, se é temerário navegar pelo Atlântico num barco a remo, temerário ficar num pé só no alto da Catedral de São Paulo, é ainda mais temerário ir para casa a sós com um poeta. O poeta é ao mesmo tempo um leão e o Atlântico. Um nos afoga e o outro nos rói. Se sobrevivemos aos dentes, sucumbimos nas ondas. Um homem que pode destruir ilusões é, ao mesmo tempo, fera e dilúvio. As ilusões são para a alma o que a atmosfera é para a terra. Retirai esse brando ar e a planta morre, a cor empalidece. A terra por onde caminhamos é um ardente rescaldo. É marga o que pisamos, seixos de fogo queimam os nossos pés. Somos desfeitos pela verdade. A vida é um sonho. É o despertar que nos mata. Quem nos rouba os sonhos rouba-nos a vida (é assim por seis páginas seguidas, se vos apraz, mas o estilo é enfadonho, e mais vale abandoná-lo).”


“Porque si es temerario entrar sin armas en la cueva del león, o atravesar en una canoa el Océano Atlántico, o pararse sobre un pie sobre la cúspide de San Pablo, más temerario aún es volver a casa con un poeta. Un poeta es a la vez Atlántico y león. El uno nos ahoga, el otro nos roe. Si sobrevivimos a los dientes sucumbimos a las olas. Un hombre destructor de ilusiones es a un tiempo fiera y diluvio. Las ilusiones son al alma lo que la atmósfera es a la tierra. Destruid ese tierno aire y muere la planta y palidece el color. La tierra que pisamos es un rescoldo. Pisamos un erial y nos lastimasn los pies guijarros calientes. La verdad nos deshace. La vida es sueño. El despertar nos mata. Quien me roba los sueños, me roba la vida (y así podríamos seguir una media docena de páginas, pero el estilo es aburrido y mejor es dejarlo).”


“Quando isso aconteceu, Orlando deu um suspiro de alívio, acendeu um cigarro e soprou em silêncio um ou dois minutos. Depois, chamou hesitante, como se a pessoa que procurasse pudesse não estar ali: «Orlando?» Pois se há (por acaso) setenta e seis campos diferentes, todos pulsando simultaneamente na cabeça, quantas pessoas diferentes não haverá – valha-nos o céu- todas morando, num tempo ou noutro, no espírito humano? Alguns dizem que duas mil e cinquenta e duas. De modo é que a coisa mais natural do mundo uma pessoa chamar, logo que fique sozinha, «Orlando?» (se esse é o seu nome), querendo com isso dizer «Vem, Vem! Estou moralmente cansada deste eu. Preciso de outro». Daí as mudanças assombrosas que vemos em nossos amigos. Mas isso também não é muito fácil, pois, embora se possa dizer, como Orlando disse (achando-se no campo, e necessitando de outro eu) «Orlando?», o Orlando de que ela necessita pode não vir; esses eus de que somos constituídos, sobrepostos uns aos outros como pratos empilhados na mão do copeiro, têm suas predileções, simpatias, pequenos códigos e direitos próprios, chamem-se como quiserem (e muitas dessas coisas não têm nome), de modo que um só virá se estiver chovendo, outro, se for num quarto com cortinas verdes, outro, se a Sra. Jones não estiver lá, outro, se lhe pudermos prometer um copo de vinho – e assim por diante; pois cada pessoa pode multiplicar com a sua própria experiência às diferentes condições que impõem os seus diferentes eus – e algumas, de tão ridículas, nem podem ser impressas em letra de fôrma.”


“Orlando, entonces, dio un suspiro de alivio, encendió un cigarrillo y lo fumó en silencio un minuto o dos. Luego llamó indecisa, como si tal vez no estuviera allí la persona que buscaba: «¿Orlando?». Porque si hay (digamos) setenta y seis tiempos distintos que laten a la vez en el alma, ¿cuántas personas diferentes no habrá –el cielo nos asista—que se alojan, en uno u otro tiempo, en cada espíritu humano? Algunos dicen que dos mil cincuenta y dos. De modo que es lo más natural que una persona llame, en cuanto se queda sola, ¿Orlando? (si tal es su nombre) significando con eso «¡ven, ven! Este yo me harta. Necesito otro». De aquí los cambios asombrosos que notamos en nuestros amigos. Pero tampoco es fácil, porque uno puede llamar, como Orlando lo hizo (sin duda por estar en el campo y necesitar otro yo), ¿Orlando?, Y el Orlando requerido puede no presentarse; estos yo que nos forman, uno apilado encima del otro, como los platos en la mano del mozo, tienen lazos en otra parte, simpatías, pequeños códigos y derechos propios, llámense como quiera (y para muchas de estas cosas no hay nombre) de modo que uno de ellos no acude sino en los días de lluvia, otro en un cuarto de cortinas verdes, otro cuando no está Mrs. Jones, otro si le prometen un vaso de vino -etcétera; porque nuestra experiencia nos permite acumular las condiciones diferentes que permiten nuestros yos diferentes- y otros son demasiado absurdos para figurar en letras de molde.” 

 
 



Virginia Woolf






Filme Orlando (1993)


Protagonizado por Tilda Swinton, como Orlando, Billy Zane, como Marmaduke Bonthrop Shelmerdine e Quentin Crisp, como la reina Isabel.  
Direção: Sally Potter



 
 Lembrancinhas do encontro!


CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (1902 - 1987)
 Mundo Grande

Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.


Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.


Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste a s diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que ele estale.


Fecha os olhos e esquece.
Escuta água nos vidros,
tão calma. Não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! vai inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos – voltarão?


Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)


Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.


Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.
Meus amigos foram à s ilhas
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.


Então meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
- Ó vida futura! nós te criaremos.



Mundo Grande

No, mi corazón no es mayor que el mundo.
Es mucho menor.
En él no caben ni mis dolores.
Por eso me gusta tanto contarme.
Por eso me desnudo,
por eso me grito,
por eso frecuento los periódicos, me expongo crudamente en las librerías;
necesito de todos.

Sí, mi corazón es muy pequeño.
Sólo ahora veo que en él no caben los hombres.
Los hombres están aquí afuera, están en la calle.
La calle es enorme. Mayor, mucho mayor de lo que yo esperaba.
Pero tampoco en la calle caben todos los hombres.
La calle es menor que el mundo.
El mundo es grande.

Tú sabes lo grande que es el mundo.
Conoces los navíos que llevan petróleo y libros, carne y algodón.
Has visto los diferentes colores de los hombres,
los diferentes dolores de los hombres,
sabes cómo es difícil sufrir todo eso, amontonar todo eso
en un solo pecho de hombre... sin que él estalle.

Cierra los ojos y olvida.
Escucha el agua en los cristales,
tan calma. No anuncia nada.
Sin embargo se escurre de las manos,
¡tan calma! va inundándolo todo...
¿Renacerán las ciudades sumergidas?
¿Los hombres sumergidos – volverán?

Mi corazón no sabe.
Estúpido, ridículo y frágil es mi corazón.
Sólo ahora descubro
qué triste es ignorar ciertas cosas.
(En la soledad de individuo
desaprendí el lenguaje
con el que los hombres se comunican.)

Otrora escuché a los ángeles,
las sonatas, los poemas, las confesiones patéticas.
Nunca escuché voces de personas.
En verdad soy muy pobre.

Otrora viajé
a países imaginarios, fáciles de habitar,
islas sin problemas, no obstante exhaustivas y convocando al suicidio.
Islas pierden al hombre.
No obstante algunos se salvaron y
trajeron la noticia de que el mundo, el gran mundo está creciendo todos los días,
entre el fuego y el amor.

Entonces, mi corazón también puede crecer.
Entre el amor y el fuego,
entre la vida y el fuego,
mi corazón crece diez metros y explota.
- ¡Oh vida futura! Nosotros te crearemos.

 





WISLAWA SZYMBORSKA, (1923-2012)

Filhos da época


Somos filhos da época
e a época é política.
Todas as tuas, nossas, vossas coisas
diurnas e noturnas,
são coisas políticas.


Querendo ou não querendo,
teus genes têm um passado político,
tua pele, um matiz político,
teus olhos, um aspecto político.


O que você diz tem ressonância,
o que silencia tem um eco
de um jeito ou de outro político.


Até caminhando e cantando a canção
você dá passos políticos
sobre um solo político.


Versos apolíticos também são políticos,
e no alto a lua ilumina
com um brilho já pouco lunar.
Ser ou não ser, eis a questão.


Qual questão, me dirão.
Uma questão política.

Não precisa nem mesmo ser gente
para ter significado político.
Basta ser petróleo bruto,
ração concentrada ou matéria reciclável..
Ou mesa de conferência cuja forma
se discutia por meses a fio:
deve-se arbitrar sobre a vida e a morte
numa mesa redonda ou quadrada.


Enquanto isso matavam-se os homens,
morriam os animais,
ardiam as casas,
ficavam ermos os campos,
como em épocas passadas
e menos políticas.
 

7 comentários:

  1. Com este texto, V. Woolf propicia um campo fértil de análise das desigualdades e das hierarquias sociais :
    Senhor! Senhor!, tornou a gritar, ao concluir os seus pensamentos, “devo, então, começar a respeitar a opinião do outro sexo, embora me pareça monstruosa? Se uso saias, se não posso nadar, se tenho de ser salva por um marinheiro, Deus meu!”, gritou, “que hei de fazer?” E com isso entristeceu.
    (Virginia Woolf, Orlando)

    ResponderExcluir
  2. He stretched himself. He rose. "He stood upright in complete nakedness before us, and while the trumpets pealed Truth! Truth! Truth! we have no choice left but to confess - he was a woman."

    ResponderExcluir
  3. " O som das trombetas esmoreceu e Orlando continuou despido. Nenhuma criatura humana, desde que o mundo é mundo, foi mais arrebatadora. Sua forma reunia, ao mesmo tempo, a força do homem e a graça da mulher....Castidade, Pureza, Modéstia, inspiradas sem dúvida pela Curiosidade, espiaram pela porta e atiraram à forma desnuda uma espécie de toalha que, infelizmente caiu a algumas polegadas de distância". ( p. 279)

    ResponderExcluir
  4. Uma parceria que deu certo!!!! Parabéns!!!!!

    ResponderExcluir
  5. Un comentario que me pareció muy interesante sobre Orlando, es el siguiente:
    ....."Sin embargo, el elemento más esencial de Orlando no es tanto la metamorfosis sexual del protagonista, que las teorías feministas han tomado como el símbolo de la represión sexual y social de la mujer, sino, en palabras de H. Bloom, “la comedia, la caracterización y un intenso amor a las épocas de la literatura inglesa”². Orlando, como el Quijote, vive absorbida por la literatura, su verdadera pasión. La misma Virginia Woolf así lo reconoce: “Orlando era un hidalgo que padecía del amor de la literatura”³. De hecho, sus dos grandes amores de carne y hueso, esto es, la princesa Shasha y el capitán Marmaduke, son, en realidad, un pequeño y umbrío reflejo de su auténtico impulso erótico: los libros" .
    (Tomado de: Mundo Literatura.Portalmundos.com)

    ResponderExcluir
  6. Hola Myriam! Sin la literatura Orlando no puede vivir!
    Me encantó esta frase:
    “Un apuesto hombre como él, decían no necesitaba libros. Que dejara los libros, decían, a los tullidos y a los moribundos. Pero algo peor venía. Pues una vez que el alma de leer se apodera del organismo, lo debilita y lo convierte en una fácil presa de ese otro azote que hace su habitación en el tintero y que supura en la pluma. El miserable se dedica a escribir. Y si eso ya es bastante malo en un pobre, sin otra propiedad que una silla y una mesa debajo de una gotera -pues al fin de cuentas no tiene mucho que perder-, el trance de un hombre rico, que tiene casas y ganado, doncellas, burros y ropa blanca, y sin embargo escribe libros, es penoso en extremo. Se le escapa el sabor de todo; lo torturan lo hierros candentes: lo roen los gusanos. Daría el último centavo (¡tan virulento es ese mal!) por escribir un solo librito y hacerse célebre, pero todo el oro del Perú no puede comprarle el tesoro de una frase bien hecha. Se enferma, cae en una consunción, se vuela los sesos, vuelve su cara a la pared. No importa en qué actitud lo encuentran. Ha atravesado las puertas de la Muerte y conocido las llamas del Infierno.”
    Un beso grande!!

    ResponderExcluir
  7. “Porque el desvanecimiento levísimo que había proyectado el dedo sin uña se había ahondado ahora en el fondo de su cerebro (que es lugar prohibido a nuestra mirada) en un estanque donde habitan las cosas en una oscuridad tan profunda que casi no sabemos lo que son. Miró ese estanque o ese mar que refleja todo –y lo cierto es que algunos dicen que nuestras pasiones más fuertes, y el arte, y la religión, son reflejos que vemos en el hueco negro del fondo de la cabeza, cuando efímeramente se oscurece el mundo visible. "

    ResponderExcluir

Escriba su comentario, haga Click en NOME/URL (Nombre), detalle su nombre y gaha Click en PUBLICAR COMENTARIO.
Para deixar um comentário, após escrevê-lo, escolha a identidade NOME/URL, escreva seu nome e clique em PUBLICAR COMENTÁRIO.